Valter Hugo Mãe comentava, esta manhã as notícias do dia. Invariavelmente, o tema forte é a crise, a situação do país, os novos que saem, os trabalhadores que são espoliados e os mais ricos que são preservados.
Dizia o escritor que não se compreende como é possível que um povo a quem já tiram mais do que é humanamente decente ainda não se tenha revoltado. Classificou, frontalmente, de roubo aquilo que está a acontecer a Portugal.
Quanto à revolta do povo português, ainda estou para perceber como é que foi possível a este país fazer uma revolta em 1974, tal é a nossa pasmaceira perante tudo o que nos fazem. Hoje, ainda há pessoas que viveram os factos, mas facilmente o 25 de abril será esquecido nas próximas décadas, pois um povo que passa por estas atrocidades e nada faz, não tem crédito para viver da memória de uma revolução que mais não fez do que nos levar em direção a um abismo.
Com isto não quero dizer que era melhor não ter havido um 25 de abril. Não senhor! Aquilo que eu digo é que parece que ninguém compreendeu o que é que se pretendia com aquela revolução! Será que aquilo que mais se queria não era justiça? Ainda hoje se fala em liberdade, mas a verdade é que nunca deixámos de viver agrilhoados, subservientes a diferentes poderes, ora nacionais ora estrangeiros.
Daí que diga que está na altura de iniciarmos uma nova revolução no país, a revolução da justiça, que deveria começar por varrer com os carreiristas políticos que nunca fizeram nada na vida a não ser aproveitar-se do povo, prometendo-lhe o que não deve, dando-lhe o que não pode, para depois tirar-lhe com juros incomportáveis.
Uma pessoa amiga perguntava-me: 'Será que isto ainda vai mudar? Eu não acredito!' - a verdade é que eu também não acredito que isto mude tão cedo. No entanto, do alto da sua sabedoria, os políticos dividem-se em esforços ilusionistas, tentando convencer-nos que "a vida vai melhorar"!
A culpa é nossa, pois sempre que vamos na cantiga das promessas dos políticos, estamos a contribuir para que este sistema não melhore. Sempre que qualquer um de nós aceita um emprego camarário, não sujeito às regras limpas da contratação pública, está a promover a corrupção como a via lógica de alcançar conforto pessoal. Sempre que qualquer um de nós aceita como natural a violação das regras em benefício próprio está a gritar bem alto que assim é que está bom, que a culpa é dos outros, que por si se matam a trabalhar.
E assim se vive no país do fado e do futebol, onde infelizmente se acabaram os milagres, pois já nem há coelhos para saírem da cartola dos mágicos que nos tentam animar neste circo que é a nossa vida quotidiana.
sábado, março 29, 2014
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