Foi sem surpresa que na última Assembleia Municipal
da Madalena ficámos a saber que o furo de água da Criação Velha tem problemas
de salinidade que, a muito breve trecho irão precipitar-se para a mais do que prevista
situação de que este furo não mais estará apto a servir os habitantes desta
freguesia.
A surpresa surge quando sabemos que tal situação
acontece antes do início do Verão, o que significa que a freguesia da Criação
Velha corre o risco, mais do que certo, de ver interrompido o fornecimento de
água num muito curto espaço de tempo.
Mas a que se deve tal situação, por que razão está
o furo de água da Criação Velha em tão mau estado nesta altura do ano, após as
reposições dos níveis de água, graças ao Inverno e primavera que tivemos?
Está à vista de todos, ou seja, um furo de água que
foi criado para fornecer este bem essencial à população é simultaneamente
utilizado para o fornecimento de água à lavoura e todos nós sabemos quão
exigente é a lavoura no que se refere à utilização deste recurso escasso.
Esta questão foi colocada ao elenco camarário que
explicou que a culpa não é sua, mas sim do IROA que se comprometera a executar
um novo furo há já alguns anos, contudo, até ao momento nada terá sido feito.
Responsabilidades à parte, é nossa opinião que o
município da Madalena, responsável pelo bem-estar da sua população, responsável
direto pelo fornecimento de água à população, deverá envidar todos os esforços
no sentido de não deixar a Criação Velha sem água potável. Este é um risco
iminente, pois todos sabemos que não há alternativa ao furo actual para o
fornecimento de água a esta freguesia.
Mais do que populismos e de jogadas primárias na
conquista de vantagens pré-eleitorais, no caso do furo de água da Criação Velha
está a responsabilidade civil de quem tem por obrigação zelar pelos seus
munícipes.
Pelo tipo de argumentação apresentado, ficou no ar
a sensação de que a autarquia estaria desejosa de que a ERSARA (Entidade
Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores) mandasse encerrar o
furo de água, para que, depois, se pudesse culpar o IROA pela situação que foi
criada pela própria autarquia, ao abrir o fornecimento de água à lavoura, sem a
garantia real de que a alternativa para a população da freguesia da Criação
Velha surgiria em tempo útil.
A argumentação, neste tipo de situação, nunca
deverá concorrer para que a população fique em perigo, pois embora os
resultados das análises não venham colocar já o pior dos cenários, este deverá
ser devidamente equacionado e estamos em crer que o bom senso do órgão
executivo saberá avaliar e fazer as escolas que são devidas em situações desta
natureza.
Não cabe numa situação desta natureza a realização
de qualquer jogo político; todos sabemos a importância do fornecimento de água
à lavoura, mas a ter que optar entre fornecer água à lavoura ou à população da
freguesia da Criação Velha, que não tem outra alternativa, qual deverá ser a
escolha da Câmara Municipal?
Fernando Luís
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