sexta-feira, outubro 30, 2009

Reflexões PPCVIP - Parte IV

Sem qualquer pretensiosismo da nossa parte, achamos que existe uma solução a curto prazo, que deveria ser considerada, no seio do Governo Regional dos Açores, por respeito para com a ilha do Pico, os seus habitantes, mas também por respeito para com a classificação internacional atribuída pela UNESCO à Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico.
Todos sabemos que o facto desta paisagem ser tutelada pelo sector ambiente ficou a dever-se ao erro estratégico cometido pela região, quando tentou classificá-la como paisagem natural: nada mais aberrante e desprestigiante, tentar demonstrar que esta era uma paisagem natural, com valores tais que a intervenção humana seria perniciosa. Ora, todos sabemos que o que se passa é exactamente o contrário, pois estamos perante uma paisagem, onde a intervenção humana é visível a cada passo que damos. É uma paisagem moldada pelo homem, ao longo de séculos e essa transformação da paisagem ainda não acabou.
O primeiro passo da solução para a correcta gestão desta paisagem passa pela quebra umbilical entre a paisagem cultural e o sector ambiente. Parece uma crueldade, pormos as coisas nestes termos, mas não podemos continuar a pôr paninhos quentes, especialmente quando estão em causa valores que, ao se perderem, constituirão uma perda irreparável para a humanidade. Não devemos ter medo de pôr as coisas nestes termos. Ao nível do estatuto de classificação estamos a par da muralha da China, das pirâmides de Gizé, da paisagem cultural de Sintra, do Alto Douro Vinhateiro, etc. É mesmo assim, e temos que nos convencer da nossa importância e não aninharmo-nos na insignificância de uma ilha e de um arquipélago plantado no meio do oceano Atlântico, onde as pessoas acertam de vez em quando, porque ouvem falar do anticiclone dos Açores e algumas questionam o significado da palavra Açores. Somos importantes, há quem nos reconheça e temos que ter brio nesse facto.
Terminada essa relação estranha entre a Paisagem Cultural e o Ambiente, há que dar o passo seguinte e tentar encontrar forma de gerir uma paisagem onde as intervenções são diversas.
Colocar a gestão numa das outras direcções regionais referidas anteriormente?
Não me parece boa ideia, porque irá ficar sempre um sector com a preponderância sobre os outros, seria incorrer num erro semelhante à situação actual.
Colocar a gestão nas autarquias?
Também não me parece ser uma ideia brilhante, pois nem sempre o entendimento entre autarquias e poder regional é fácil e a PPCVIP não pode ficar refém do poder político nem da sua falta de entendimento, para além de que o governo poderia achar que se poderia desresponsabilizar de intervir correctamente na área.
Então qual a solução que apontamos para a correcta gestão da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico?

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