Do nosso ponto de vista, o Gabinete Técnico da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico deve, ao mesmo tempo, ser uma estrutura suficientemente comprometida com os diversos níveis e estruturas de poder público e, embora pareça contraditório, também autónoma em relação a esses mesmos poderes.
Com isto, pretendemos dizer que, em nenhuma circunstância se pretende estabelecer um corte com aqueles poderes, mas que há necessidade de ser estabelecido algum distanciamento, propício à aproximação estratégica com a população e com a ilha. Desta forma, estaremos a caminhar para uma reconciliação que nunca houve entre a Paisagem da Cultura da Vinha e os seus obreiros, pois todo o processo conducente à sua classificação e inscrição foi feito, senão de costas voltadas, pelo menos sem serem feitas as devidas explicações, adaptações e concessões naturais num processo desta natureza.
O afastamento propositado em relação às estruturas de poder público permitiria, ainda outros benefícios: o Gabinete da Vinha, como é vulgarmente conhecido, passaria a ter uma acção muito mais condizente com aquela que é a sua vocação, libertando-se da imagem de instituição punitiva e castradora das vontades e anseios da população e trataria daquilo que realmente interessa ser tratado por um gabinete com esta natureza, ou seja, trataria do relacionamento do bem com as pessoas, com as instituições locais e regionais e com as instituições internacionais, na busca da sua promoção e divulgação, da sua aceitação local, e da melhor aceitação do produto que emerge desse bem, que é, nem mais nem menos do que o vinho.
Temos que admitir, de uma vez por todas que a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico não é uma espécie de reserva, seja ela de que espécie for, mas sim um lugar vivo, onde se pode tocar, onde se deve permitir a evolução e onde se pode viver.
Uma vez libertado o Gabinete da Vinha dessa imagem redutora e castradora, existirão condições para um melhor relacionamento com os diferentes parceiros, porque esses parceiros também farão parte da sua gestão, como principais interessados.
Assim sendo, a gestão da Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico passa pela criação e uma estrutura exclusivamente dedicada para esse fim, sob a forma de uma associação, cooperativa ou outra qualquer forma que se ache mais conveniente e que englobe, como seus associados, os diferentes departamentos governamentais, as autarquias locais, as forças vivas da ilha do Pico e os verdadeiros obreiros daquele bem. Estes deverão ser, inclusivamente os garantes do financiamento de uma estrutura como esta que propomos.
É inconcebível que os diferentes produtores de vinhos não estejam representados na real gestão do seu território, que os viticultores não possam ter uma palavra a dizer e que, ainda hoje, embora sedeada no Pico, a gestão da PCVIP, continue a depender fortemente de valores exógenos.
Quais os parceiros fundamentais dessa proposta?
segunda-feira, novembro 02, 2009
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